Hoje, não vou pensar em ti nem pensar em como estás. Eu vou usar esse tempo e pensar em tudo o que tenho que fazer, o que preciso de realizar e em quem eu preciso de ser. Não vou perder mais tempo a olhar para o telemóvel, à espera de uma chamada ou mensagem tua. Eu não vou perder mais tempo à espera de ti.
Hoje, vou deixar ir todos os pensamentos na minha cabeça e o peso no meu coração. Hoje vou curar-me. Vou dar um passeio no parque e não vou desejar que estivesses comigo. Vou ligar para a minha melhor amiga, sem desejar que fosse contigo que estivesse a falar. Vou usar aquele vestido que eu só queria usar para ti. Hoje, estou a fazer tudo por mim. Hoje, não vais influenciar nenhuma das minhas decisões.
Porque tudo começa com um dia, com uma decisão simples, comigo a decidir que eu já te dei oportunidades suficientes e desculpas suficientes para perceber que as coisas devem chegar ao fim. Tudo começa com a decisão de me curar. Tudo começa com uma simples escolha, mas a mais importante. Tudo começa comigo a escolher-me a mim.
É fácil escolher os outros todos os dias, porque o pensamento deles faz sorrir e dá ritmo aos dias monótonos. É fácil criar cenários e escrever histórias de amor com base no que se sente pelas outras pessoas e é fácil perder dias e dias a tentar fazer parte do dia-a-dia de outra pessoa. Mas também cansa quando se é o único a pensar e a tentar.
Torna-se mais difícil acordar quando a outra pessoa não diz nada, torna-se mais difícil concentrar no trabalho quando só conseguimos pensar no que é que podemos ter dito ou feito que a afastou, torna-se mais difícil amar-nos a nós próprios quando quem queremos não nos ama, e finalmente, torna-se impossível colocarmo-nos em primeiro lugar quando estamos deliberadamente a não escolher-nos a nós próprios.
Por isso, hoje eu estou a escolher-me a mim mesma. Hoje, estou a colocar-me a mim mesma em primeiro lugar. Hoje pode ser apenas um dia, mas é mais do que isso para mim. É o começo de uma decisão que provavelmente durará para sempre. É o começo de uma nova vida, na qual tu não estás. É o começo de eu não te escolher a ti. É o começo de mim a esquecer-te.
