Curiosidades

Esta professora tentou simular uma ditadura na sua sala de aula. Os estudantes deitaram-na abaixo

“Todos os anos em que ensino o livro “1984”, transformo a minha sala de aula num regime totalitário, sob o pretexto do “bem comum”.

Faço uma simulação, na qual me torno um ditador. Digo aos meus alunos que, para combater a falta de motivação escolar dos alunos, os professores adaptaram uma estratégia baseada em evidências, que “foi implementada em muitas escolas por todo o país e teve imenso sucesso”. Penduro cartazes com citações motivacionais e estatísticas falsas, e forneço uma falsa narrativa para o problema que é a falta de motivação estudantil.

Digo aos alunos que, para ajudá-los a ter sucesso, preciso de implementar regras estritas na sala de aula. Eles devem levantar a mão antes de fazer qualquer coisa, até mesmo para pedir a outro aluno um lápis. Eles perdem pontos sempre que não se comportarem como esperado. Ganham pontos denunciando outros alunos. Se alguém quebrar as regras e eu não vir, é responsabilidade dos outros alunos avisar-me. Esses alunos ganham pontos bónus. Digo aos alunos que, para que esse plano funcione, eles precisam de “confiar no processo e não questionar os seus professores”. Isso torna-se um esforço de toda a escola. Os outros professores e o diretor participaram.

Eu fiz essa experiência inúmeras vezes, e todos os anos tenho resultados semelhantes. Este ano, no entanto, foi diferente.

Este ano, um punhado de estudantes entrou na fila como sempre. A maioria dos estudantes, no entanto, revoltou-se.

No segundo dia da simulação, os alunos contactaram os membros da administração, escreveram cartas e criaram cartazes de protesto. Eles estavam a organizar-se contra mim e contra o diretor. Recusavam-se a fazer o que lhes era dito.

O presidente da Student Government Association, a quem eu nem ensino, escreveu um e-mail a exigir o fim desse “programa”. Ele escreveu que o programa é “simplesmente o fascismo no seu pior e afirmações como estas são a base de uma regra de ditadura” e que “esta escola, assim como este país, não pode e não será vítima desses comportamentos totalitários”.

Eu fiz tudo ao meu alcance para lutar contra a rebelião deles. Eu “subornei” o presidente do SGA. Eu “force-o” a “renunciar” publicamente. E, no entanto, os alunos não recuaram. Eles lutaram ainda mais. Eles estavam mais vigilantes. Eles tornaram-se mais organizados. Encontraram um novo líder. Estavam mais que prontos para lutar. Eles sabiam que ganhariam em número.

Eu terminei a experiência dois dias antes do que planeei porque a rebelião deles era muito forte e esmagadora. Pela primeira vez desde que comecei esta experiência, os alunos “venceram”.

O que eu aprendi foi isto: os adolescentes serão os únicos a salvar-nos. Assim como Emma Gonzalez, a adolescente ativista de Marjory Stoneman Douglas, os meus alunos não recuaram nem se conformaram. Eles lutaram pelos seus direitos. Eles ganharam.

Os adultos podem aprender muito com os adolescentes desta geração. Os adultos são complacentes, cansados e conformados. Os adolescentes são apaixonados, espirituosos e não se deixam fazer prisioneiros. Não desperdicem a luta deles. Eles são realmente o nosso futuro. Não lhes chame de pretensiosos. Essa pretensão é o seu impulso e a sua paixão. Não se meta no caminho deles. Eles vão esmaga-lo.

Promova a sua rebelião. Eles são os nossos melhores aliados.”

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