Emocionante

Enfermeira adota menino com paralisia cerebral abandonado pelos pais

Esta é a história de Solange Maria Pires, uma enfermeira de 56 anos que estabeleceu uma forte ligação com o paciente Ronei Gustavo Pires, um menino de 12 anos nascido com agenesia do corpo caloso.

Trata-se de uma má-formação congénita, que fez com que Ronei nascesse sem a estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais. Para além disso, também tem neuropatia crónica, provavelmente provocada pela falha na formação do cérebro, que afeta o sistema nervoso e capacidades como a postura e os movimentos.

Desde que nasceu, Ronei tem um quadro de convulsões grave, causado pela neuropatia. Aos 8 meses, enquanto estava a ser amamentado, teve um episódio de broncoaspiração (quando os alimentos líquidos são aspirados pelas vias aéreas).

Infelizmente, a família biológica demorou a procurar ajuda médica, o que ainda piorou a situação de Ronei, que com pouco mais de um ano foi diagnosticado com paralisia cerebral, passando a viver em estado vegetativo.

Os problemas de saúde de Ronei levaram os seus pais a abandoná-lo antes de ele fazer um ano, e o menino foi viver para um lar de crianças e adolescentes para adoção.

Foi aí que a enfermeira Solange conheceu Ronei, há 10 anos, e sentiu um carinho tão grande por ele que decidiu adotá-lo.

Na altura, Solange vivia sozinha e estava divorciada. Os seus outros dois filhos, atualmente com 33 e 37 anos, já eram casados e tinham ido viver com os respetivos cônjuges.

Depois de adotar Ronei, Solange começou a dedicar grande parte da sua vida a cuidar dele. “Eu sinto o mesmo amor pelos meus três filhos, mas sei que me dedico mais ao Ronei do que me dediquei aos outros dois, porque eles sempre foram saudáveis, desenvolveram-se normalmente e foram saindo das minhas asas. Já o Ronei, sei que vai estar sempre aqui e vai precisar sempre dos meus cuidados”, disse.

O jovem passa o dia deitado na cama, ligado a aparelhos hospitalares, num quarto na residência em Várzea Grande, onde recebe ajuda profissional durante o dia inteiro.

A cada 12 horas, um novo técnico de enfermagem chega para cuidar do menino, serviço incluído no homecare. De manhã, Solange vai para o hospital trabalhar.

“Pergunto como ele está a toda a hora, e peço para me mandarem fotografias. É uma preocupação constante. Se saio, tento voltar rápido. E se ele não estiver bem, não viajo, não consigo ficar dias longe dele”, acrescentou Solange.

Apesar da falta de esperança para o futuro do jovem, Solange não se arrepende de todos os esforços que faz por ele.

“Parei muita coisa por ele, mas é normal uma mãe fazer isso por um filho. Uma médica disse-me que ele só viveria até aos 8 anos, mas ele está aqui comigo até hoje. Acho que o que o mantém vivo é o amor que ele recebe. Peço a Deus que se for para levar o Ronei, que não seja nada doloroso. Não quero que ele sofra num hospital. Também peço a Deus para eu não morrer enquanto o Ronei estiver aqui. Quem vai cuidar dele como eu cuido? Quem vai dar-lhe toda a atenção? Espero que Deus me oiça. Depois de ele partir, posso ir em paz, mas antes preciso de continuar por aqui”, concluiu.

PARTILHE!

Mais Populares

To Top

Possível adblock detectado

Se estiver a usar um Ad Block por favor desligue-o no nosso website. Os anúncios são essenciais para a manutenção deste website.

Refresh