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Sem-abrigo reconhece foto de homem que o ajudou há anos atrás

Jimmy Cavazos, um homem residente em Brownsville, no Texas (EUA), estava a verificar os apartamentos de aluguer da família, quando teve um encontro bastante inesperado.

Aqui fica o seu testemunho:

“Ontem à noite, entre a meia-noite e a 1 da manhã, eu não conseguia dormir. Decidi levantar-me da cama, vestir-me e dar uma volta para verificar os lotes vagos e residências de aluguer que a minha família tem nas redondezas de Brownsville Olmito e Rancho Viejo. Eu costumo fazer isso 3 a 4 vezes por semana. Nessa noite, foi diferente… pois já tinha passado da meia-noite, estava um pouco frio, muito vento e estava a começar a chover.

No entanto, eu decidi ir mesmo assim. Por alguma razão, eu resolvi levar a camionete do meu recém-falecido pai para o passeio noturno. No visor do carro (assim como em todos os meus veículos), eu guardo uma cópia laminada da sua foto que está num dos vários santinhos laminados que recebemos na funerária. Eu puxei o visor e olhei para ela enquanto ligava a pick-up, e disse: “Olá, pai, estou a levar a camionete para uma volta hoje à noite. Eu sinto muito a tua falta…”

Eu simplesmente amo a camionete do meu pai… quando entro nela, ela tem o seu cheiro, sinto-me perto dele, e todas as suas ferramentas e alguns dos seus itens pessoais continuam nela como ele as deixou.

Enquanto estava a conduzir, decidi parar numa das nossas propriedades vagas, onde avistei um pouco de lixo que alguém tinha decidido mandar fora. Quando comecei a recolhê-lo, reparei num homem que vestia trapos sujos e molhados, e que estava a descer lentamente a rua pelo passeio do outro lado, a coxear. Estava muito escuro, ventania, frio com uma chuva leve e extremamente quieto… nada para além do som do vento a soprar. Eu continuei a recolher e deitar o lixo na parte de trás da camionete do meu pai, sem notar que o homem tinha decidido cruzar a rua e vir em minha direção. De uma distância segura, ele chamou-me e perguntou se poderia se aproximar… eu disse: “sim, aproxime-se”… então ele perguntou se eu precisava de ajuda para recolher o lixo. O seu rosto era enrugado e tinha barba, e os seus olhos pareciam secos e cansados. Eu lhe disse-lhe que não havia muito lixo e que terminaria rapidamente. Ele respondeu, em espanhol: “desculpe, eu não preciso nem quero nada de você, senhor, eu só queria ajudar.” Então, eu perguntei o seu nome. “Oscar”, disse ele. Perguntei onde ele vivia, e ele respondeu que era sem-abrigo e que às vezes dormia do lado de fora de uma igreja a alguns quilómetros dali. Ele também me contou que dormia atrás da estátua de cimento da Virgem Maria, no chão de uma igreja Católica local que não direi o nome… Lá, ele disse, era onde ele se sentia seguro à noite.

Enquanto me ajudava a recolher o lixo, colocou a mão no bolso e ofereceu-me um de quatro ou cinco biscoitos velhos e quebrados que guardava numa sacola de plástico enrugada. Eu agradeci e reparei que a sacola tinha um terço enrolado nela.

Cinco ou dez minutos depois, acabámos de colocar o resto do lixo na camionete. Eu agradeci, enquanto ele começava a ir embora. Entrei na camionete e, enquanto o via ir embora, eu percebi que não me tinha preocupado em perguntar se ele tinha fome ou sede. Arranquei em sua direção enquanto ele descia a rua e pedi para ele parar e se aproximar. Muito educadamente, ele perguntou: “Sim, senhor, como posso ajudá-lo?” Eu perguntei: “Você está com fome?” Ele disse: “Sim, senhor, com muita fome!” Então eu disse: “Entre na camionete e nós vamos encontrar um lugar para comer.” Ele andou até a parte de trás da camionete mas não entrou! Que diabos!? Eu parei no passeio, saí e perguntei: “O que está a fazer? Eu disse para entrar na minha camionete.” Ele pediu desculpa e disse: “senhor, eu andei o dia todo de um lugar bem longe de Brownsville, onde fui levado para trabalhar com limpeza, e fui deixado sem comida ou água pela pessoa que ia me pagar para limpar a sua propriedade. Eu estive lá durante 3 dias e estou muito sujo, acho que não estou a cheirar muito bem, sinto-me envergonhado e não quero sujar a sua camionete linda e nova…”

Eu não sei exatamente o porquê, mas eu simplesmente senti-me zangado quando ele me disse aquilo… aquilo realmente me incomodou. Então eu disse: “Escute, saia daí de trás e entre na camionete. Está a chover.” Quando ele entrou e fechou a porta, ele pediu desculpa novamente pelo seu cheiro. Eu disse firmemente que não havia razão para se desculpar e que ele não deveria nunca sentir-se envergonhado pela sua aparência, especialmente se ela e o seu cheiro tinham sido causados por trabalho árduo!

Quando nós partimos, ele pediu para ligar as luzes do interior da cabine da camionete, pois, por algum motivo, achou necessário provar que estava de facto a trabalhar… ele abriu as suas mãos… elas estavam sujas, feridas, secas, a sangrar e muito, muito calejadas. Ele disse que tinha sido deixado a trabalhar por 3 dias para um homem que deveria voltar para alimentá-lo e trazer cobertores a uma fazenda inabitada fora de Olmito. Ele não tinha nada além de um facão para limpar a propriedade dessa pessoa triste e ingrata, que a propósito nunca voltou, nunca lhe trouxe mantimentos e nunca lhe pagou. Oscar decidiu ir embora DEPOIS de terminar o trabalho!

Eu conduzi até o drive-thru da Whataburger mais próxima e perguntei o que ele queria pedir. Ele olhou para mim, colocou a mão nos bolsos, tirou 16 centavos e um outro terço. Ele disse: “Eu não posso pedir muito, pois isto é tudo o que tenho…” Hã!? Eu estava espantado com a sua resposta… silenciosamente pensei comigo mesmo: “Ele realmente achou que eu o faria pagar pela sua comida?” Eu sorri, coloquei a cabeça para fora da janela e pedi uma refeição dupla grande, com queijo duplo, um combinação mega com todos os ingredientes extras possíveis e uma Coca-Cola tamanho gigante.

Quando eles me entregaram o pedido, eu comecei a sair do drive-thru, e ele, animado, perguntou educadamente se poderia começar a comer na camionete antes de desembarcar, pois estava com mesmo muita fome. Claro que eu disse que sim.

Para que ele não se atrapalhasse com a comida enquanto eu conduzia, eu decidi parar no estacionamento do Whataburger e deixei-o comer confortavelmente. Aliás, eu dei-lhe a opção de nos sentarmos dentro da lanchonete a comer, mas ele educadamente recusou, pois, mais uma vez, porque se sentia muito sujo e fedorento.

Por mais faminto e ansioso que estivesse para começar a comer, ele pegou no pacote fechado de comida e levantou-o com ambas as mãos, quase encostando no visor da camionete, fechou os olhos e começou a rezar e agradecer a Deus (e a mim) pela comida que estava prestes a comer. Rapidamente abriu o saco, tirou o hambúrguer, virou-se para mim e pediu uma faca. Bem, ainda que eu tivesse 2 facas extremamente afiadas comigo, eu não lhe daria uma delas. Então, abri o porta-luvas do meu pai e tirei de lá uma pequena faca de plástico. O homem começou a cortar o hambúrguer ao meio… e quando eu pensei que ele fosse apenas um pouco metódico com comida, ele virou-se para mim e ofereceu metade do seu hambúrguer! Eu simplesmente sorri e disse: “Obrigado, senhor, mas eu já jantei… pode comer…”

Bem, eu nunca tinha visto um homem engolir comida tão rápido quanto ele. O hambúrguer com duplo queijo, dupla carne, com todos os ingredientes extras, assim como as batatas gigantes, acabaram após 5 ou 6 mordidas! Ele expressava prazer a cada trinca… eu ofereci um segundo hambúrguer, que ele educadamente recusou. Quando ele terminou e começou a juntar os restos na sacola, ele perguntou o meu nome e disse que me incluiria nas suas preces noturnas atrás da estátua onde dormia. Então, ele elogiou a minha linda camionete nova. Eu comecei a contar-lhe sobre o meu pai e a minha mãe e expliquei que a camionete era deles. Perguntei de onde ele era, e ele disse que era de uma pequena comunidade a vários quilómetros de Matamoros, no México. Ele disse que estava aqui a trabalhar em qualquer coisa para poder mandar dinheiro para o seu pai doente do outro lado da fronteira. Enquanto a conversa se desenrolava, ele comentou: “Senhor, você deve ter pais maravilhosos”, e claro que eu concordei. Naquele momento, decidi tirar o santinho laminado que foi dado à minha família pela funerária e mostrar-lhe.

Foi quando a maior surpresa da minha noite estava prestes a acontecer…

Eu entreguei-lhe o santinho com a foto do meu pai e o seu obituário. Ele ficou a olhar para ele durante 20 a 30 segundos a apertar os olhos, afastando e aproximando o santinho. Eu perguntei se ele precisava de óculos, e ele disse que sim, então eu dei-lhe os meus. Quando ele olhou melhor, pôs uma mão por cima do nariz e da boca… fechou os olhos, começou a rezar e a chorar enquanto fazia o sinal da cruz no seu peito. Naquela altura, eu já tinha percebido que ele era um homem religioso. Ele parecia ser um homem bom, humilde e certamente honesto… eu digo isso, pois propositalmente deixei duas notas de US$ 5 no chão da camionete, exatamente onde ele as pudesse ver (eu planeava dá-las de qualquer forma), enquanto eu ia até o Whataburguer para usar a casa de banho. Quando eu voltei, ele devolveu as duas notas de US$ 5 e disse: “senhor, acho que você deixou cair isto…”.

Bem, de volta às suas preces e ao choro enquanto segurava o santinho do meu pai… dei-lhe um minuto e perguntei se ele estava bem. Ele disse que sim, e eu perguntei porque é que ele estava a chorar. Para minha ENORME surpresa, ele olhou para mim e disse: “Senhor, eu conheço este homem.” Eu perguntei: “Quem?”.

“O homem nesta foto…  o seu pai… eu conheci o seu pai e a sua mãe.”, disse ele. Fiquei perplexo. “O quê? Como?”, perguntei. Ele disse: “Não eram eles que tinham uma farmácia e uma clínica com um médico?” E até disse o nome do médico! Eu disse que sim, que ele estava certo, e por mais de 25 anos os meus pais foram donos da Farmácia Price Village na Avenida Price.

Ele disse: “Sim, eu sei, mas eu não sabia que ele tinha falecido… os seus pais são pessoas tão boas.” Ele continuou a contar que há 10 anos, a sua filhinha tinha morrido. Ele disse que ela nasceu no México com uma doença degenerativa e muito deformada e precisava de remédios que ele não só NÃO podia pagar, como também não estavam disponíveis no México. Ele veio desesperadamente para o outro lado do rio para encontrar trabalho e o remédio tão urgente para sua filha.

“Senhor, a sua mãe e pai deram-me a mim e à minha então esposa o remédio que nós desesperadamente precisávamos para nossa filha. Nós nunca nos esquecemos da enorme gentileza e generosidade deles. Eu e a minha agora falecida esposa conversávamos muito sobre eles e como iríamos retribuir algum dia, de alguma forma. E eu estou a chorar porque agora eu percebi que jamais poderei pagar de volta, pois o seu pai faleceu…”, explicou ele.

Eu disse-lhe que, caso o meu pai estivesse vivo, jamais aceitaria qualquer pagamento pelo que fez, pois tanto o meu pai como a minha mãe acreditam que, quando se REALMENTE dá algo, não se espera nada em troca. E além disso, eu disse, “até onde eu sei, você já lhes pagou. Hoje à noite, você ajudou-me a recolher o lixo de alguém que estava na propriedade dos meus pais…”

Trata-se de uma coincidência incrível que Oscar tenha passado pela camionete que pertencia ao mesmo homem que o tinha ajudado há tanto tempo atrás, e felizmente o filho deste tinha o mesmo coração de ouro que ele.

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