Quando as pessoas descobrem que a jornalista britânica Emma John é solteira, muitas vezes tentam encorajá-la dizendo que isso não é um estado permanente. “Vai acontecer”, “acontece quando menos esperas”, dizem. E por um longo período de tempo, Emma também pensou assim.
Mas até agora isso não aconteceu, e apesar do que a sociedade nos quer fazer acreditar, a vida de uma mulher solteira tem validade e valor.
O novo livro de memórias de Emma John, sobre isso mesmo, chama-se “Self Contained – Scenes from a Single Life”.
Ela disse que nunca planeou escrever um livro sobre ser solteira, porque é simplesmente um assunto estranho.
“Nós temos, enquanto pessoas solteiras, especialmente quanto mais velhos somos, vergonha de falar sobre isso”, disse.
Segundo Emma, essa estranheza parece vir, em parte, da ideia que ser solteiro não é realmente uma escolha.
Tendo crescido numa “casa bastante tradicional” com pais casados e felizes, Emma diz que nunca lhe ocorreu que o que acontece, aparentemente, a todos, não aconteceria com ela.
Da mesma forma, enquanto uma pessoa solteira sem filhos, pode ser fácil ter uma noção de si mesmo como “não exatamente um adulto”, diz ela.
“Você pode passar o tempo, se for solteiro, a pensar que a sua vida não começou realmente porque está numa espécie de limbo, à espera para encontrar a tal pessoa”, acrescentou.
As mulheres solteiras, na história e na literatura, nunca foram tratadas bem e, no passado, havia uma nítida falta de heroínas solteiras para admirar, alertou Emma.
“A partir das comédias dos séculos 17 e 18 em diante, os escritores do sexo masculino olharam para as mulheres solteiras e pensaram: “elas devem estar desapontadas, devem ser pobres não só em dinheiro, mas também em termos emocionais, devem ser amargas”, porque não podiam ver qualquer outra vida para eles próprios. Simplesmente tornou-se um tropo e levou trezentos anos para superar isso”, disse.
Apesar do estigma, a vida de solteiro definitivamente não é tão mau como pintam, diz Emma. Na verdade, as mulheres sem parceiro ou filhos dizem-se mais felizes que qualquer outro grupo.
“Temos uma autonomia que simplesmente não se tem quando se entra num relacionamento ou se tem filhos”, concluiu.
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