Histórias

A história de um homem construiu um edifício alto e estreito apenas para bloquear a vista para o mar do seu irmão

Em 1954, a disputa entre dois irmãos libaneses deu origem a uma das construções mais curiosas e emblemáticas da cidade de Beirute. Após a morte do pai, a partilha do terreno da família provocou ressentimento entre os herdeiros. O filho mais velho ficou com um lote maior, que oferecia uma vista privilegiada para o mar, enquanto o mais novo recebeu um terreno pequeno e triangular, que não tinha as mesmas vantagens. Este desequilíbrio na divisão do património familiar alimentou uma rivalidade que duraria toda a vida.

Consumido pela raiva e desejo de vingança, o irmão mais novo decidiu transformar a sua frustração numa obra de engenharia peculiar. No seu pequeno pedaço de terra, construiu um edifício de três andares, com o único propósito de bloquear a vista para o mar da casa do irmão mais velho. Esta construção, conhecida como “Al’Basa”, que significa “o rancor”, tornou-se um símbolo físico do ressentimento entre os dois.

O edifício de “Al’Basa” é uma verdadeira curiosidade arquitetónica. Na sua parte mais estreita, as paredes medem apenas 60 centímetros, enquanto na parte mais larga atingem os 4 metros. Esta estrutura, embora funcional como residência, parece quase uma parede vista de certos ângulos. Para os habitantes locais e turistas que a visitam, o edifício representa mais do que um feito de engenharia; é o reflexo de uma disputa familiar que se imortalizou através da arquitetura.

O impacto do edifício foi significativo, especialmente para o irmão mais velho, cuja casa perdeu grande parte do seu valor. A vista para o mar, outrora o grande atrativo da propriedade, ficou bloqueada pela estreita construção. Ao longo dos anos, a casa foi usada para diferentes propósitos, desde encontros de casais até abrigo temporário para refugiados da guerra civil libanesa. A história da construção é também um retrato da resiliência e da adaptação às circunstâncias difíceis.

Hoje em dia, a “Casa do Rancor” é um símbolo de vingança e de teimosia, mas também uma atração turística para quem visita Beirute. A sua história continua a fascinar muitos, não só pelo seu caráter excêntrico, mas também pelo forte simbolismo que carrega. É um exemplo de como a arquitetura pode ser usada para expressar emoções e sentimentos, sendo neste caso o rancor entre irmãos o motor criativo.

O edifício permanece até hoje como um lembrete das consequências de disputas familiares mal resolvidas e como as escolhas pessoais podem influenciar o património de uma cidade. A “Casa do Rancor” é um marco único, que desafia as convenções arquitetónicas e conta uma história de vingança que se manteve viva através das gerações.

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