Na Figueira da Foz, Mário Rui Ferreira, um operário de 53 anos, fez uma descoberta surpreendente junto a um contentor de lixo: documentos históricos com mais de mil anos de existência. A história, revelada pelo jornal Público, prova como um verdadeiro tesouro pode surgir nos locais mais inesperados.
Tudo aconteceu entre 2015 e 2016, quando Mário Rui saiu de casa cedo para ajudar os pais com a medicação. Ao passar pelo gaveto da Rua das Rosas com a Rua 10 de Agosto, deparou-se com uma pilha de objetos descartados, incluindo jornais atados com cordéis. Intrigado, decidiu recolher os materiais e guardá-los num armazém, sem imaginar o valor que ali se escondia.
Anos mais tarde, em 2019, Mário Rui decidiu examinar com mais atenção o que tinha encontrado. Entre os papéis, descobriu pergaminhos e documentos muito antigos, alguns datados do século XI. Curioso, mas sem noção do seu verdadeiro valor, colocou um dos documentos à venda no OLX por 400 euros. Foi então que Rosa Azevedo, chefe de divisão da Torre do Tombo, reconheceu a raridade e agiu rapidamente.
Um dos pergaminhos vendidos tratava-se de uma carta assinada por D. Afonso V, datada de 26 de dezembro de 1480, relacionada com a posse de terras pelo Mosteiro de São Jorge, fundado no século XI. Este achado é considerado uma peça de inestimável valor histórico, ligada à ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho. Segundo a especialista, os documentos terão pertencido a um colecionador privado, provavelmente residente na Figueira da Foz.
Esta história impressionante relembra-nos da importância de preservar a memória histórica e de como pequenos gestos podem desvendar grandes tesouros. Uma descoberta que começou no lixo acabou por destacar a riqueza cultural e patrimonial que, por vezes, passa despercebida.
Ver esta publicação no Instagram
