Singapura está a construir uma “cidade de floresta” na região oeste da ilha, que oferecerá uma abundância de natureza aos seus futuros residentes.
Chamado de Tengah, este será o 24º empreendimento construído pelo governo do país desde a Segunda Guerra Mundial. Mas, desta vez, com arrefecimento centralizado, colheita de lixo automatizada e um centro urbano sem carros.
A eco-cidade compreenderá 42.000 casas em cinco distritos residenciais – Garden, Park, Brickland, Forest Hill e Plantation – e será repleta de vegetação abundante e jardins públicos.
O terreno de 700 hectares já abrigou fábricas de tijolos e mais tarde foi usado para treino militar, mas foi recentemente recuperado por uma extensa floresta secundária.
Um conceito interessante que será usado neste projeto é a ausência de tráfego acima do solo, o que significa que estradas, serviços públicos e estacionamento serão empurrados para baixo do centro da cidade.
“Estamos buscando o conceito ideal de segregação de tráfego, (com) tudo no subsolo e, em seguida, o nível do solo totalmente liberado para os pedestres – para as pessoas. Portanto, é um ambiente muito seguro para todos”, explicou Chong Fook Loong, o diretor do grupo de pesquisa e planeamento do Conselho de Habitação e Desenvolvimento de Singapura.
O ciclismo disparou em Singapura nos últimos 3 a 5 anos, então o objetivo desta cidade é ser o mais amigável possível para caminhantes e ciclistas.
Embora o país tenha uma população de menos de 6 milhões, as suas emissões per capita são maiores do que as do Reino Unido, Malásia e China. Isso deve-se, em parte, ao uso generalizado de ar condicionado na ilha tropical.
O Serviço Meteorológico de Singapura prevê que até o final deste século, as temperaturas médias diárias de Singapura podem ser de pelo menos 34,1 graus Celsius quase todos os dias durante os 8 meses mais quentes do ano.
Com isso, os singapurianos tornar-se-ão mais dependentes do ar condicionado para se refrescar. Então, em vez de demonizá-lo, os responsáveis pelo planeamento de Tengah vão instalar arrefecimento centralizado que usará energia solar para arrefecer a água e canalizá-la pelas casas do distrito. Só isto gerará uma economia de dióxido de carbono equivalente à retirada de 4.500 veículos das estradas a cada ano!
O empreendimento também contará com luzes “inteligentes” que se apagam quando os espaços públicos estão desocupados.
Quanto ao lixo, será armazenado centralmente e os monitores serão capazes de detetar quando houver necessidade de coletá-lo.
“Em vez de usar um camião para recolher o lixo de cada bloco, vamos sugar todo o lixo através do sistema pneumático para uma câmara que atende vários blocos. De vez em quando, o camião do lixo só precisa de recolher na câmara”, disse Chong.
Os preços dos apartamentos de dois quartos começam nos 108.000 dólares de Singapura (US $ 82). Se tudo correr conforme planeado, os primeiros apartamentos serão concluídos até 2023.
Todos os locatários terão acesso a um aplicativo onde podem monitorizar o seu consumo de energia e água, e também poderão contar com telas digitais em cada bloco informando os ocupantes do seu impacto ambiental combinado, o que poderá fomentar a competição entre blocos residenciais e, eventualmente, mudanças para melhor.
“Pensar sobre o consumo de alimentos e como as pessoas usam o ar condicionado faz parte de atingir as metas climáticas”, disse Perrine Hamel, professora assistente da Escola Asiática de Meio Ambiente da Universidade Tecnológica de Nanyang.
“Mudar o comportamento vai ser parte integrante disso e, claro, o desenho urbano é a primeira forma de afetar e mudar o comportamento”, concluiu.
Por fim, um corredor florestal de 100 metros de comprimento que passará pelo coração do distrito conectará a cidade a uma área de captação de água e uma reserva natural que fornecerá passagem segura para a vida selvagem, e os habitantes da cidade também terão acesso à agricultura comunitária no chamado Distrito de Plantação.
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