Emocionante

Mulher tropeça nas botas do marido e reclama em voz baixa sem saber que seria a última vez

Se já pisou em legos, pontapeou sem querer uma boneca ou tropeçou num sapato, é provável que saiba como é ser pai.

Certo dia, Monica Bobbitt acordou cedo para se despedir do marido enquanto ele saía para um exercício de treinamento de seis semanas. Ele ficou surpreendido ao vê-la, e ela disse “só queria dizer adeus”. Então, abraçou e beijou-o, e ele saiu pela porta.

Pronta para começar o seu dia, Monica trancou a porta. Quando se virou, tropeçou num par extra de botas de combate que ele tinha deixado ali.

“Murmurando sob a minha respiração, eu peguei neles e mandei-os para o armário no caminho de volta para a cama, assim como fiz mil vezes nos últimos 21 anos”, diz Monica.

Enquanto continuava o seu dia, Monica encontrou mais das suas desarrumações à volta. Uma tigela inacabada de aveia e mirtilos na mesa da sala de jantar ao lado do portátil que ele esqueceu ou nunca se incomodou em desligar, juntamente com meia chávena de café frio no balcão perto da máquina de lavar loiça.

Havia calças de pijama deixadas numa pilha no topo da escada perto da sala de estar, e uma prancheta do exército de plástico deixada ao acaso na escrivaninha da entrada.

A desarrumação deixou-a louca e ela questionou-se se ele alguma vez aprenderia a deixar as coisas no sítio, dizendo a si mesma que o tenente-coronel Dan Bobbitt era um projeto a ser trabalhado.

“Nunca deliberadamente. Ele era apenas esquecido, e disperso, e tão desajeitado. Ele estava sempre a perder ou a derramar coisas. Eu não fazia absolutamente nenhuma ideia de que era a última manhã que eu iria arrumar as coisas dele. Ou que ele nunca voltaria para casa novamente”, diz Monica.

Isto foi há quatro anos. Quatro longos anos que Monica passou a desejar que os sapatos do marido estivessem no seu caminho, que a farinha de aveia tivesse sido deixada sobre a mesa, que a voz dele chamasse o nome dela.

Monica pensa constantemente nas suas esperanças e sonhos não realizados, os seus planos para o futuro que se dissiparam como orvalho na relva. Em vez disso, tudo o que ela tem a que se apegar são as memórias do seu marido.

“Nós juntamo-las perto dos nossos corações e repetimo-los várias vezes, como um rolo de filme de uma vida. Agarramo-nos a elas desesperadamente, acumulamo-los mesmo, pois são tudo o que restou da pessoa que perdemos”, explica Monica.

Não foi apenas o seu marido que desapareceu – também os seus sonhos, o seu futuro e as coisas minúsculas que ela tomou como garantidas desapareceram. As coisas de que ela reclamava antes, agora desejava ter de volta na sua vida, assim como a ele.

“Não há mais pratos sujos. Não há tigela de aveia comida pela metade, nem café gelado. Não há mais pijamas abandonados numa pilha no local mais aleatório. Não há mais equipamentos ou uniformes para lavar. Não mais Blackberry a tocar constantemente. Não há botas de combate na frente da porta para tropeçar nelas”, lembra Monica.

Quando ela estava a ir para fora para uma corrida, parou perto da porta da frente e ouviu “o eco de uma lembrança”, que deixou o seu coração em sobressalto.

“A sério Daniel, não podes colocar, apenas uma vez, as botas no armário?”, ouvi Monica. “Eu olhei para o chão. Não havia nada lá. Apenas um espaço vazio”, lembra.

Monica partilhou no Facebook como não apreciava quão feliz era por ter um marido com quem ralhar até ele partir. Ela estava demasiado envolvida na vida para perceber isso.

“Nós não percebemos o quão significativo um par de botas de combate à porta realmente é”, diz Monica.

Quatro anos depois, Monica viu-se a começar a vida de novo sozinha, a cuidar de três adolescentes sozinhas, desejando ter um par de botas de combate em que tropeçar mais uma vez.

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