Cada pessoa tem a sua maneira única de lidar com a dor de perder um ente querido. Algumas voltam a viver as suas vidas diárias, na esperança de obter uma sensação de normalidade, outras precisam de tempo e espaço. Há também quem processe a sua dor fazendo algo que nunca tinha feito antes, como explorar novos hobbies e mergulhar em novas experiências. E isso é resiliência.
Quando Laura Fahrenthold perdeu repentinamente o marido, Mark Pittman, em 2009, ela escolheu a última opção.
Laura viaja com as duas filhas todos os verões para espalhar as cinzas de Mark em locais por toda a América e Canadá. Ela quer ensinar-lhes que, com resiliência, podem superar qualquer coisa e isso traz cura.
A ideia de começar essa tradição ocorreu-lhe num acampamento em Oregon no ano de 2010, cerca de 6 meses após a morte de Mark.
“Eu tive que fazer xixi a meio da noite e fiquei aterrorizada. Então, trouxe a caixa das cinzas comigo, mas tropecei e derramei tudo. Agora, olhando para trás, eu gosto de dizer que foi quando ele saiu da caixa”, conta Laura.
Mark e Laura estiveram juntos durante 15 anos, após se conhecerem em 1994 como jornalistas no interior de Nova York.
Ele era um marido amoroso e um pai notável para as filhas, Nell, agora com 20 anos, e Susannah, com 19. Embora não estivesse na melhor forma, com 1,93m e 127 kg, Mark era completamente focado no seu trabalho.
Enquanto trabalhava na Bloomberg News, ele ganhou fama internacional como o repórter premiado que processou o Federal Reserve por mentir aos contribuintes sobre a extensão do resgate bancário durante a crise imobiliária de 2008. Em 25 de novembro de 2009, no meio da sua batalha judicial com a instituição, ele sofreu um ataque cardíaco no corredor da sua casa em Yonkers, Nova York, e faleceu, com apenas 52 anos.
Mark já tinha tido um problema cardíaco 9 anos antes disso, que levou a uma cirurgia de stent, e os médicos aconselharam-no a melhorar a sua alimentação e exercitar-se mais, no entanto, ele nunca seguiu as recomendações.
As suas filhas, na altura com 8 e 10 anos, testemunharam o momento em que o pai caiu no chão.
“Eu tinha 46 anos e ter o meu marido morto e as duas filhas a olhar para mim… foi como se alguém tivesse destruído a nossa vida”, lembra Laura.
A experiência deixou cicatrizes emocionais e Laura não queria que a morte de Mark definisse a vida das suas filhas, que eram demasiado jovens para assistir a algo assim. Ela queria que elas se tornassem mais fortes e autossuficientes.
“Eu queria ajudá-las a ter experiências maiores que a morte do pai. Se escalassem uma montanha, praticassem rafting ou criassem uma fogueira, poderiam olhar para trás e sentir isso”, explica Laura.
Então, Laura e as meninas procederam ao acampamento anual com outra missão – espalhar as cinzas de Mark por diferentes locais do país, como as Cataratas do Niágara, Graceland, Grand Canyon, Badlands e Newark, onde o casal celebrou o casamento.
Depois de algumas semanas passadas em tendas, encontraram um velho trailer à venda numa estrada no estado de Washington, e Laura não pensou duas vezes. Comprou o Toyota Dolphin 1993 totalmente equipado, e durante os 5 anos seguintes, viajou com Nell e Susannah por toda a América e Canadá na altura do verão e das férias escolares.
“Onde quer que as minhas meninas forem quando crescerem, o pai delas estará lá”, disse Laura.
Em 2015, elas fizeram a última paragem no Kansas, onde fica a casa de infância de Mark. Foram para o campo de girassóis onde ele pediu Laura em casamento a Laura e libertaram-no pela última vez.
Atualmente, as jovens estão a iniciar as suas carreiras com sucesso. Nell é uma fotógrafa que estuda na FIT e Susannah ensina navegação na Tall Ships America.
Recordando as aventuras, Laura disse: “acho que não há nada melhor do que esta terapia rodoviária”.
Esta mãe incrível escreveu um livro chamado “As Crónicas do Volante Rosa: Uma História de Amor”, onde partilha as suas experiências.
