Inspiração

Lições de juízes que foram empregados de limpeza e supermercado por um dia

Ser juiz não é tarefa fácil, principalmente porque implica a pesada responsabilidade de decidir sobre o futuro de outras pessoas.

Uma das características mais importantes que um juiz deve ter é a empatia, isto é, a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Porém, não é fácil desenvolver a empatia, então a Escola Judicial do TRT da 1ª Região criou um projeto chamado Vivendo o Trabalho Subalterno, com o objetivo de a ajudar os magistrados no desenvolvimento dessa qualidade.

Basicamente, os juízes tiveram de passar um dia a desempenhar profissões menos remuneradas – e até tiveram de ir para os locais de trabalho de transportes públicos, para ter a experiência completa.

Aqui ficam alguns exemplos:

  • Auxiliar de limpeza

A juíza Cléa Couto foi auxiliar de limpeza por um dia, durante o qual conheceu várias pessoas e recebeu ajuda dos colegas.

Durante a experiência, sentiu que conheceu um pouco mais sobre a natureza humana e a necessidade de demonstrar superioridade.

No meio do trabalho repetitivo e exaustivo, foi questionada por uma rececionista sobre ter de varrer tantas vezes aquele local. “Ela simplesmente queria reforçar a sua suposta superioridade”, conta a juíza.

Apesar disso, continuou a sua tarefa de limpar uma casa de banho de hora a hora. Teve de tirar e colocar as luvas muitas vezes, e para além disso não tinha água para beber – apenas uma garrafa reutilizada de onde todos bebiam.

“Foi extremamente cansativo”, admitiu Cléa Couto.

  • Empregado de caixa de supermercado

A juíza Daniela Muller trabalhou como empregada de caixa de supermercado apenas por um dia, e mesmo assim foi alvo de olhares e comentários rudes durante o treino – ninguém sabia qual era a sua verdadeira profissão. Rapidamente, deu-se conta da distância social entre classes.

Segundo Daniela, a sua supervisora foi terrível para ela o dia inteiro e deixou-a com “uma sensação difícil de descrever, um misto de raiva e incredulidade”. No final, a juíza voltou para casa frustrada e cansada física e psicologicamente.

  • Empregado de limpeza

O juiz Hernani Ribeiro teve a oportunidade de ser empregado de limpeza de casas de banho públicas por um dia. Em pouco tempo, apercebeu-se que a sua tarefa era ainda mais difícil do que na teoria, pois as pessoas agiam como se ele fosse invisível e não só não lhe facilitavam o trabalho como ainda sujavam o espaço.

No final do dia, Hernani diz ter-se sentido ultrajado, humilhado e até mesmo violentado. Quando regressou a casa, já ia com um olhar diferente sobre a realidade. “A visão dentro de mim alterou-se sensivelmente. Foi uma experiência única e o suficiente para me fazer refletir coisas antes improváveis”, disse.

 

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