David queria testar a lealdade e a obediência do seu filho, então pediu-lhe que doasse a sua herança a um orfanato. O que o jovem fez chocou todos ao seu redor.
David Atencio era um empresário conhecido e respeitado na sua cidade. Graças ao seu trabalho obteve uma grande fortuna, mas nunca deixou que o dinheiro o cegasse. Ele sempre ajudou as pessoas à sua volta, fez trabalhos de caridade e queria que o seu filho fizesse o mesmo.
David criou o seu filho com disciplina, fazendo questão que ele aprendesse sobre os seus negócios desde cedo e tivesse uma boa vida. No entanto, à medida que Eugenio crescia, ele começou a sentir-se limitado pelas regras que o seu pai lhe impunha.
Eugenio não tinha interesse nos negócios da família e, em vez disso, sempre fugia para festas cheias de mulheres e álcool. Além disso, David era frequentemente chamado à sala do diretor porque Eugenio faltava às aulas ou adormecia na sala.
Um dia, David decidiu confrontá-lo. “Eugenio, esta é a terceira vez que me chamam à sala do diretor este ano. Já tens 17 anos e precisa de crescer, ser responsável e parar de se meter em problemas”, disse-lhe.
“Pai, sou adolescente. Deixe-me viver!”, rebateu Eugenio.
“Oh Marlene, como eu queria que ainda estivesses aqui”, pensou David para consigo mesmo. Ele sabia que Eugenio precisava de uma figura materna na sua vida, mas desde que a sua esposa morreu, ele não conheceu outra mulher para ocupar o seu coração.
Um dia, enquanto David estava numa reunião de acionistas, a sua secretária sussurrou algo ao seu ouvido. Eugenio tinha sido preso e levado a uma delegacia por praticar atos de vandalismo juntamente com alguns dos seus amigos.
Os joelhos de David fraquejaram e ele sentiu que tinha falhado como pai. No caminho para a delegacia, ele sentiu o seu peito apertar. “Pedro, eu não me sinto bem, acho que devias levar-me ao hospital”, disse baixinho ao seu motorista.
Ele fez o seu melhor para colocar os seus negócios em ordem, apesar da piora do sentimento em seu peito. Ordenou à sua secretária que providenciasse a libertação de Eugenio e deixou um bilhete de voz para o seu advogado ao telefone.
Depois de dizer o que queria dizer ao seu advogado, desmaiou. Algumas horas depois, acordou numa cama de hospital, com fios presos ao corpo. O seu filho Eugenio estava ao seu lado na sala, a chorar.
David sofreu um ataque cardíaco e teve de passar por uma cirurgia para tentar reparar uma artéria entupida. Antes de ser levado para a sala de cirurgia, ele decidiu ter um momento a sós com o filho.
“Filho”, sussurrou. Com isso, os olhos de Eugenio iluminaram-se e ele agarrou a mão do seu pai imediatamente.
“Pai, desculpa, pai”, disse Eugenio, choroso.
“Filho, acho que não vou ficar por cá muito tempo. Deixei-te uma herança. É algo como 500 mil dólares. Peço-te que, por favor, a passes para as crianças que precisam mais do que tu. Para o orfanato perto da nossa casa. Podes fazer isso? Por mim? O meu advogado vai ajudar-te com tudo isso”, explicou David.
“Eugenio, eu confio que farás isso por mim. Eu confio em ti. Eu amo-te com todo o meu coração, filho. Estarei a observar-te lá do céu. Espero que possas mudar o teu jeito de ser e viver uma vida boa”, acrescentou, apertando a mão do filho.
Eugenio não conseguia entender porque é que o seu pai estava a despedir-se de repente. Ele esperava que a operação fosse um sucesso.
Infelizmente, David morreu durante a cirurgia. Eugenio ficou arrasado, e o que o magoou ainda mais foi que todos à sua volta o chamavam continuamente para perguntar sobre a sua herança.
“Ouvi dizer que o teu pai faleceu. Sinto muito”, disse um amigo dele ao telefone.
“Obrigado, tem sido difícil”, respondeu Eugenio.
“Mas ouvi que tens direito a uma herança! Queres investir o dinheiro num negócio? Eu sei qual é o certo”, acrescentou o amigo.
Foi um discurso que Eugenio ouviu não uma, mas duas vezes nos primeiros dias após a morte do seu pai. Ele rejeitou todas e cada uma das propostas e percebeu como o dinheiro havia corrompido as mentes das pessoas à sua volta.
Em vez disso, quando ele foi capaz de dizer adeus ao seu pai corretamente, entrou em contacto com o advogado de quem ele lhe falou. Como prometido ao pai, ele transferiu US$ 500.000 para o orfanato perto da sua casa.
Quando o negócio foi fechado, o advogado entregou-lhe um envelope com uma carta do seu pai, que dizia:
“Filho, obrigado por me ouvires. Agora eu sei que te tornaste um jovem carinhoso que sabe manter a sua palavra. Estou orgulhoso. Mesmo não estando fisicamente aqui, cuidarei sempre de ti. Quero que guardes isto para ti. Faz algo de bom e enche-me de orgulho mais uma vez.”
Eugenio sorriu e viu um cheque anexado de mais US$ 500.000. Ele entregou-o ao advogado e disse: “transfira esse dinheiro também para a conta do orfanato”.
“Tem a certeza? O seu pai disse que este dinheiro é seu”, respondeu o jurista.
“Sim, tenho a certeza”, disse Eugenio, antes de sair do escritório do advogado.
Assim que ele saiu, ele olhou para o céu e sorriu. “Eu mesmo vou ganhar o dinheiro, pai. Vou deixar-te. orgulhoso. Amo-te!”, pensou.
Eugenio entrou numa boa universidade e, dois anos depois de se formar em Administração de Empresas, começou o seu próprio negócio e rapidamente se tornou dono de uma franquia internacional.
Um dia, enquanto voltava do escritório para casa, começou a sentir náuseas. De repente, os seus joelhos ficaram fracos, e antes que ele percebesse, desmaiou na rua.
Ele acordou no hospital, confuso sobre onde estava. “O que aconteceu?”, perguntou, quando viu uma pessoa ao lado dele na sala.
“Olá, eu sou o Dr. Contreras, estou tão feliz por você estar acordado. Dormiu maior parte do dia. Estava muito desidratado. E parece que também se esqueceu de comer. Teve sorte que um menino o encontrou, fez reanimação cardiorrespiratória e ligou para o número de emergência”, explicou o médico.
“Tenho andado muito ocupado, esqueço sempre de cuidar de mim. Não dei importância ao calor e com certeza foi demasiado para o meu corpo”, disse Eugenio.
Depois de o médico fazer alguns exames, Eugenio teve alta e foi para casa. De repente, ele lembrou-se do menino que o ajudou e decidiu descobrir quem ele era.
“Sobre o menino que me salvou… sabe quem ele é?”, perguntou ao médico por telefone.
“O nome dele é Antonio. Ele mora no orfanato em frente ao lugar onde você desmaiou”, respondeu o Dr. Contreras.
Eugene não pôde deixar de sorrir. Ele percebeu que o menino que salvou a sua vida era alguém que beneficiou da generosidade do pai. E também percebeu que o seu pai estava certo: ele estaria sempre a olhar por ele, mas desta vez por meio de outras pessoas.
Agora, ele acreditava firmemente no ditado: “tudo o que é dado é devolvido”. Eugenio continuou a trabalhar arduamente no seu negócio e todos os anos doava uma percentagem dos seus ganhos para o orfanato perto da sua casa.
O que podemos aprender com esta história?
Os nossos pais querem sempre o melhor para nós: David tentou ensinar uma lição ao filho enquanto ele ainda estava vivo, e acabou por mudar a sua vida para sempre.
A vida acaba por retribuir quando mais precisamos: Eugenio nunca esperou nada em troca das suas doações ao orfanato, mas descobriu que a sua generosidade voltou para ele de maneira inesperada.
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