Ben estava parado, sozinho, ao lado da sepultura recentemente coberta de terra. Todos os amigos e familiares que tinham vindo ao funeral de sua esposa, Alice, já se tinham ido, mas ele não conseguia desviar o olhar daquele montículo que agora guardava o corpo da mulher que amava. O vazio que sentia era profundo, e os momentos felizes que tinham vivido juntos pareciam agora distantes, envoltos numa névoa de incerteza.
Ben e Alice conheceram-se na universidade. Desde o primeiro momento, sentiu que ela era a mulher da sua vida. Logo começaram a namorar, e após terminarem os estudos, casaram-se e mudaram-se para um pequeno apartamento. A vida parecia perfeita. Ben tinha conseguido um bom emprego, e Alice dedicava-se a criar um ambiente acolhedor em casa. Todos os dias, ao chegar do trabalho, Ben encontrava a mesa posta, a casa impecável e a sua mulher pronta para o receber com um sorriso.
Apesar do amor que partilhavam, havia uma tristeza na vida de Ben: nunca conseguiram ter filhos. Tentaram várias vezes, recorreram a clínicas especializadas, mas nada parecia funcionar. Ben sugeriu a adoção, mas Alice recusou firmemente. “Quero ter um filho nosso”, dizia ela, sem nunca aceitar a ideia de criar uma criança que não fosse biológica. Esta era uma das poucas questões que causava alguma tensão no casamento, mas Ben, apaixonado, respeitava o desejo de Alice.
Os anos passaram, e o casal aceitou a ideia de que seriam apenas os dois. No entanto, o destino tinha outros planos. Alice foi diagnosticada com um tumor maligno em fase terminal. Para Ben, o mundo parou. Ele dedicou-se completamente a cuidar dela, na esperança de que pudessem vencer a doença juntos. Chegou a sugerir tratamentos numa clínica na Alemanha, mas Alice recusou, decidida a viver os seus últimos momentos de forma tranquila.
Após a morte de Alice, Ben sentia-se devastado. Numa noite solitária, mexendo nas coisas da esposa, encontrou algo que mudaria a sua vida para sempre: uma fotografia escondida num porta-retratos. Na foto, um bebé sorria, e no verso, estava escrito “Tom Oliver”. Confuso, Ben começou a investigar e encontrou cartas trocadas entre Alice e a sua amiga de infância, Mónica. O conteúdo das cartas revelava um segredo chocante: Alice tinha dado à luz um filho enquanto Ben estava numa longa viagem de negócios, e o bebé, nascido com um problema cardíaco, tinha sido deixado num orfanato.
Atordoado pela descoberta, Ben confrontou Mónica, que acabou por confessar toda a verdade. Alice nunca lhe contou sobre o filho porque temia que ele sofresse com a doença da criança, que os médicos disseram não sobreviveria muito tempo. Sentindo-se traído e ao mesmo tempo desesperado por conhecer o filho que nunca soube que existia, Ben partiu em busca do pequeno Tom.
Quando Ben finalmente encontrou o seu filho, sentiu um misto de tristeza e esperança. O menino, agora com três anos, era um reflexo de Alice, tanto na aparência quanto na doçura. Determinado a ser o pai que nunca teve a oportunidade de ser, Ben levou Tom para casa e, após uma delicada cirurgia ao coração, o menino recuperou completamente.
A vida de Ben nunca mais foi a mesma. A dor da perda de Alice ainda estava presente, mas agora havia algo que lhe dava forças para continuar: o amor pelo seu filho. Juntos, eles visitavam a sepultura de Alice todos os anos, e Ben explicava a Tom que, embora a sua mãe não estivesse mais com eles, ela sempre os protegeria. Naquele momento, Ben soube que, apesar de todos os segredos e traições, o amor que Alice sentia por ele e pelo filho era real, e esse amor os uniria para sempre.