Recentemente, os cientistas ficaram admirados com a queda na taxa de infeções por Coronavírus na Índia – particularmente porque o país caminhava a passos largos para o maior número de vítimas do mundo.
Quase 100.000 infeções foram registadas a cada dia durante o pico do vírus na Índia, mas os casos sofreram uma queda inexplicável desde setembro, para cerca de 11.000 por dia.
Os números oficiais de novembro também mostraram que 90% das camas de cuidados intensivos de Nova Delhi com ventiladores estavam lotados, enquanto apenas 16% estavam ocupados na última quinta-feira.
Até agora, as vacinas foram descartadas como uma das razões, já que o programa de vacinas do país só começou em janeiro – embora isso deva melhorar ainda mais as perspetivas.
O governo indiano sugeriu que o uso obrigatório de máscara em público pode ter ajudado, especialmente devido às pesadas multas que seguem as violações em algumas cidades.
Contudo, os especialistas afirmam que o sucesso não pode ser atribuído apenas a máscaras, já que o número de casos em declínio parece ser uniforme em todo o país, enquanto o uso de máscaras varia em diferentes áreas.
“Se não soubermos o motivo, as pessoas podem estar inconscientemente a fazer coisas que podem levar a um surto”, disse o Dr. Shahid Jameel, virologista na Universidade Ashoka, na Índia.
Enquanto isso, Vineeta Bal, que estuda o sistema imunológico no Instituto Nacional de Imunologia da Índia, disse que algumas grandes áreas podem ter atingido a imunidade coletiva, embora a população como um todo permaneça vulnerável, particularmente face a novas variantes.
Uma triagem de anticorpos por todo o país por parte de agências nacionais de saúde descobriu que 1 em cada 5 indianos tinha contraído o vírus antes do início da vacinação – uma taxa muito abaixo dos 70% estimados necessários para a imunidade coletiva.
Apesar disso, a pesquisa também mostrou que mais pessoas foram infetadas nas cidades, em vez de aldeias, e que o vírus estava a mover-se mais lentamente nestas áreas rurais.
“As áreas rurais têm menor densidade de aglomeração, as pessoas trabalham mais em espaços abertos e as casas são muito mais ventiladas”, explicou o Dr. K. Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.
Portanto, se algumas cidades estão prestes a alcançar a imunidade de grupo, também tomando precauções como o uso de máscaras e distanciamento social, então a transmissão mais lenta nas áreas rurais da Índia pode dar uma explicação para a queda repentina de casos.
A Índia registou mais de 10,9 milhões de casos e 155.813 mortes desde o início da pandemia, segundo a Universidade Johns Hopkins, sendo que tem a segunda maior população do mundo, com mais de 1,3 bilião de habitantes.
