Quando Laci Polotzola, de 32 anos, caminhava pelos corredores como estudante na escola Port Barre Elementary em Port Barre, Louisiana, costumava acenar alegremente ao zelador jovial Joseph “Gabe” Sonnier.
“Ele faz-nos sentir seguros, confortáveis e felizes”, disse a ex-aluna, cujos filhos frequentam agora a mesma escola.
Um dia, em 1985, o diretor Wesley Jones parou para conversar com Sonnier e partilhou a sua visão para o futuro do zelador.
“Lembro-me dessa conversa como se tivesse sido ontem. Ele disse que ser zelador é um trabalho bom e honesto, mas que me tinha reconhecido um potencial ilimitado e que eu beneficiaria mais os alunos como educador”, conta Sonnier, hoje com 53 anos de idade.
Então, mais tarde, Sonnier acabou mesmo por seguir o conselho de Jones. Passados 15 anos, aos 39 anos, voltou para a escola enquanto ainda trabalhava a tempo inteiro.
A sua agenda era cansativa – ele chegava à Port Barre Elementary às 5 da manhã e trabalhava até às 7 da manhã, de seguida ia para as aulas na faculdade Louisiana State University Eunice e na University of Louisiana, e geralmente ainda fazia trabalho depois de terminar as aulas noturnas.
Felizmente, todo o seu trabalho árduo valeu a pena. Em 2006, formou-se em estudos gerais pela Louisiana State University Eunice, e em 2008 recebeu o diploma de bacharel em educação elementar pela University of Louisiana.
Seguiu-se um mestrado e, posteriormente, uma promoção de que muito se orgulha: em novembro passado, Sonnier tornou-se o diretor da mesma escola que limpou durante 27 anos.
“Quem teria pensado, há 33 anos, quando coloquei os pés neste campus, que eu acabaria por ser o líder desta escola?”, disse.
Sonnier sempre planeou ir para a faculdade logo após o ensino secundário, mas as circunstâncias familiares impediram-no de continuar os seus estudos na altura.
“Depois do meu primeiro semestre, tive de desistir porque a minha mãe e o meu pai estavam a separar-se. Ela era empregada doméstica e precisava de ajuda com as contas, então entrei para o mercado de trabalho. Eu faria qualquer coisa para ajudar a minha mãe”, explicou.
Depois de aceitar empregos na construção, numa mercearia e numa serraria, ele começou a trabalhar na Port Barre Elementary como zelador, trabalho que o seu pai tinha tido durante a maior parte da sua vida.
“Quando comecei, era minha intenção trabalhar uns 5, talvez 10 anos como zelador e depois tentar fazer outra coisa”, disse.
Contudo, esses 5 ou 10 anos acabaram por tornar-se quase 20, e, entretanto, o comentário do então diretor sobre o potencial de Sonnier acendeu uma luz nele.
“A semente foi plantada no meu coração e na minha mente”, conta Sonnier, que é casado e tem dois filhos.
Depois de realizar a sua primeira reunião de equipa como diretor, “foi quando realmente caiu a ficha”, disse.
“Eu tinha uma equipa inteira a querer saber o que eu esperava deles enquanto líder. Eu sei que este trabalho pode ser intenso às vezes, mas eu levo uma coisa de cada vez”, referiu.
A professora de jardim de infância Tonya Stelly e quatro outros funcionários foram recentemente inspirados por Sonnier para obter os seus próprios mestrados.
“Às vezes parecia demais e eu queria desistir, mas ele tinha sempre palavras de incentivo. Dizia para eu persistir e que ia valer a pena a longo prazo”, recorda Stelly, de 34 anos.
Ela era aluna enquanto Sonnier era zelador, e agora não apenas leciona na escola, como também tem os seus filhos matriculados lá. “Ele definitivamente dá esperança às pessoas”, acrescentou.
Admiravelmente, uma tarefa extra como diretor que Sonnier insiste em fazer é limpar o próprio escritório todas as noites, o que demonstra uma grande humildade.
Em dezembro passado, Sonnier estava sozinho na sala de diretor, abriu as cortinas, olhou para a escola e fez uma oração de agradecimento. “Não é onde você começa, é como você termina. Existem outros Sonniers por aí, e quero que eles saibam que há esperança”, concluiu ele.
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