Emocionante

A maior saudade que vamos ter na vida é a saudade da nossa mãe

Hoje trazemos um texto muito sentido escrito por um filho sobre a sua mãe, com o qual qualquer pessoa se irá identificar:

“Uma das recordações mais doces da minha infância é a voz da minha mãe, no átrio da igreja que frequentávamos, a animar as crianças da catequese com as suas canções habituais.

Ela era a coordenadora das catequistas, e embora eu me ressentisse de não poder tê-la só para mim, orgulhava-me vê-la tão dinâmica, alegre e confiante.

Os anos passaram e mudámos de paróquia, de cidade, de vida. Cresci, amadureci, despedi-me. Porém, às vezes quando oiço a melodia conhecida volto a ver a minha mãe, no auge do seus trinta e poucos anos, a gesticular e a pedir para cantar com mais entusiasmo. Às vezes antecipo a saudade que um dia vou ter e comovo-me ao recordar a mulher independente, segura e muito amorosa que ela ainda é.

A maior saudade que vamos sentir na vida é a saudade da nossa mãe. Pois a vida tem caminhos incompreensíveis, mas tudo se ajeita no colo da mãe. Numa palavra doce ou mesmo num sermão amargo como café sem açúcar. Mas ainda assim, há a certeza de que tudo ficará bem.

Ter saudade das nossas mães é ter saudade de nós mesmos. Pois as mães são um lembrete. A mãe ensina-nos que, mesmo que a vida ande, que passemos por experiências boas ou más, ainda assim sempre existirá um recanto dentro de nós a lembrar-nos que a vida não precisa de ser dura para nos ensinar algo; que amor e tolerância também são formas eficazes de crescer e aprender.

Mãe é a voz que não sai de dentro de nós mesmo que tenhamos acumulado tempo de sobra, dinheiro no banco e muita especialização. Pois por trás de cada gabinete com ar condicionado e nó na gravata, há uma mulher que já deu na cabeça, mandou raspar prato e lembrou de levar o casaco.

Mãe é companheira das horas certas e também incertas. É ombro nos arrependimentos e crítica construtiva nas escolhas mal feitas. Mãe é censura e também ternura, cheiro de afeto e lembrete de “engolir o choro”, intuição abundante e prece incessante.

Ao lembrar-nos das nossas mães, lembramo-nos de quem fomos. Pois a construção e lapidação da nossa existência confunde-se com o som da voz a chamar, o aroma de um perfume conhecido borrifado nos pulsos, a lembrança de fazer a cama e tirar os pés do sofá, o assobio afinado, o vestido lavado e a delicadeza em forma de cuidado.

Não há saudade maior que a saudade da mãe. Pois mãe muda de casa, mas não sai de dentro de nós. Mãe muda de cidade, mas nunca desliga de nós. Mãe percebe que o filho cresceu, mas não desiste. Mãe carimba passaporte, mas não sai de perto.

O tempo em que a minha mãe cantava na catequese ficou lá atrás, juntamente com os meus oito anos e muitas lembranças. Hoje, depois de muitos acertos e desacertos, separações e recomeços, perdas e ganhos, ela emociona-nos a cantar no coro do Círculo Militar da cidade que escolheu para morar.

Antecipo a saudade que vou sentir absorvendo cada acorde do momento presente e tentando repetir com o meu filho a construção de lembranças tal como ela fez comigo e com os meus irmãos. Sei que ela será a minha maior saudade, a falta que vou sentir diariamente, e por isso insisto em sentir-me grato e amparado pela sua voz suave, o seu abraço apertado, o seu cheiro doce e o seu beijo terno.

Hoje, eu gostaria de lhe dar a conhecer uma música da minha infância. Está tudo tão distante, mas o refrão ainda ecoa nos meus ouvidos. Venha, dê-me a sua mão. Chegue aqui perto e deixe-me cantar baixinho: “Se eu pudesse, eu queria outra vez, mamã, começar tudo, tudo de novo”.”

Este é um lindo texto do Padre Fábio de Melo, que nos faz refletir sobre a importância de aproveitar os momentos com a nossa mãe.

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