Foi há 23 anos que Rui Pedro, que na altura tinha 11 anos, desapareceu em Lousada, deixando uma família destroçada e um país inteiro à sua procura.
Apesar de ter passado tanto tempo, Filomena Teixeira, a mãe, recusa-se a desistir de encontrar o filho.
Esta quinta-feira, Filomena deu uma entrevista a Manuel Luís Goucha, onde aparece visivelmente combalida, de olhar vazio e triste, cheio de lágrimas que não consegue libertar.
“Quando vi as horas a passar e ele sem aparecer fiquei com medo”, recorda Filomena, sobre o dia em que o filho desapareceu.
Ao fim de mais de 2 décadas, o filho continua sempre presente no seu pensamento e coração. “Falo sempre com ele. Conto-lhe tudo, até sobre a pandemia já lhe contei. Podem chamar-me louca, mas ainda não perdi a esperança”, desabafou.
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Contudo, Filomena admite que tem momentos em que as dúvidas a assaltam. “Tenho alturas em que acho que ele está morto e outras em que acho que ele está vivo. É a esperança que me alimenta”, explicou.
Entretanto, Filomena conta que o filho costuma aparecer-lhe em sonhos, e que o imagina como um homem alto, de olhos grandes e rasgados.
Ao longo dos anos, a mãe tem sofrido severamente, com uma depressão profunda que já a levou a ser internada quatro vezes.
No primeiro internamento, lembra-se de ter ido “mais morta que viva”, e o que mais lhe dói foi não ter reconhecido a filha, irmã mais nova de Rui Pedro.
“Não me perdoo. Fui ao fundo do poço. Tem sido sobreviver, sempre na esperança. É uma tortura. Torturo-me a mim e às outras pessoas que me conhecem. Desisti de uma parte de mim. Arruinei-me e arruinei a minha família”, conta pesarosamente.
No final, deixa a sua única certeza: que nunca irá desistir de Rui Pedro. “Amo-o até ao infinito, até à eternidade. Espero por ele até morrer”, concluiu Filomena.
